O Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio) foi, mais uma vez, contemplado no edital “Meninas e Mulheres nas Ciências Exatas e da Terra, Engenharias e Computação”, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), que oferece bolsas exclusivamente para meninas do Ensino Médio em escolas públicas. Os professores Flávio de Andrade Silva e Tatiana Saint’Pierre, do Departamento de Engenharia Civil e do Departamento de Química do CTC/PUC-Rio, respectivamente, tiveram seus estudos aprovados. Flávio Silva vai pesquisar o reaproveitamento de materiais compósitos para aplicação sustentável na construção civil. Tatiana Saint’Pierre dará continuidade à sua pesquisa a respeito da saúde capilar por meio do exame mineralograma, com foco nos efeitos do fumo e do uso de anticoncepcionais orais na química dos cabelos. Os projetos devem começar no início de 2022.
Sustentabilidade na construção civil
A proposta do projeto “Despertando o Interesse pela Ciência de Meninas e Mulheres da Educação Básica e do Ensino Superior Através de Pesquisa na área de Materiais Compósitos Aplicados à Construções Sociais”, do Prof. Flávio de Andrade Silva, não só atende a diversos aspectos do desenvolvimento sustentável, como visa capacitar e empoderar comunidades em vulnerabilidade socioeconômica.
Com o objetivo de produzir componentes estruturais para habitações sociais, o professor utilizará polímeros, novos ou reciclados, concreto, solo e fibras, principalmente vegetais, para obter materiais compósitos verdes. De forma inédita, a equipe liderada por Silva pretende desenvolver soluções técnicas capazes de obter tal resultado por meio da impressão 3D. Além disso, o projeto será idealizado em conjunto com a Escola Municipal Desembargador Oscar Tenório, localizada na Gávea, por meio de encontros e eventos educativos voltados para as áreas de ciências exatas, engenharias e computação. Três alunas e três professoras da escola estarão na equipe de pesquisa, que será desenvolvida no Laboratório de Estruturas e Materiais (LEM), coordenado pelo Prof. Flavio Silva. “É um laboratório multiusuário, que permite ensaios mecânicos, físicos e químicos feitos em estruturas e materiais para as mais diferentes áreas da ciência, como física, engenharia civil, engenharia de materiais, engenharia mecânica, arquitetura e até artes e design”, reforça.
“Queremos desenvolver novos materiais de construção a partir da tecnologia de manufatura aditiva, o que certamente tem potencial para mudar o panorama da indústria de Engenharia Civil nos próximos anos. A proposta também inclui o desenvolvimento de uma ferramenta de impressão para elementos em escala estrutural”, evidencia o professor.
Impacto do fumo e da pílula no cabelo
Já o projeto “Avaliação estatística dos efeitos do fumo e do uso de anticoncepcionais orais na composição química do cabelo”, da Profª. Tatiana Saint’Pierre, vai reunir 15 alunas do Ensino Médio de cinco escolas públicas, cinco professoras e três universitárias para estagiarem no Laboratório de Espectrometria Atômica (LABSPECTRO) do Departamento de Química do CTC/PUC-Rio. Com apoio da bolsa FAPERJ durante um ano, elas vão analisar e registrar os resultados obtidos a partir das amostras de cabelos de alunos e voluntários analisados por meio do mineralograma capilar: exame que analisa fios de cabelo para determinar os valores de concentração de elementos nutrientes e identificar possíveis contaminações no organismo humano.
As professoras incluídas no projeto vão selecionar três alunas em cada escola para a coleta das amostras de cabelo e se tornarem multiplicadoras do conhecimento:
– Colégio Estadual Mahatma Gandhi – Luciana Baptista Ventura, professora de Química.
– CIEP 321 Doutor Ulisses Guimarães – Luciene Ventura, professora de Matemática.
– Colégio Estadual Professor Mário Campos – Flávia Galvão Wandekoken, professora de Química.
– Escola Estadual Olga Benário Prestes – Beatriz S. do Amaral, professora de Química.
– Instituto Federal do Rio de Janeiro, campus Maracanã – Cristiane Ribeiro Mauad, professora de Química.
A atividade é uma continuação de iniciativas anteriores, aprovadas nos editais “Meninas nas Ciências”, com financiamento do CNPq em 2013 e 2018. Com o sucesso e retorno positivo dessas duas edições anteriores, a professora tem a intenção de aumentar o banco de dados de amostras de cabelo, além de estimular a participação de toda a comunidade escolar no projeto, estreitando a interação escola-universidade.
“Como já estudamos o efeito da tinta e do alisamento na composição química capilar, agora, decidimos dar ênfase aos efeitos do fumo e do uso de anticoncepcional. Precisamos incentivar os jovens do Ensino Médio de escolas públicas a pensarem nos estudos para além do Ensino Médio”, ressalta a professora.